Audiência pública discute inclusão de jovens negros e negras no mercado de trabalho

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Evento online promovido pelo MPT em Minas Gerais reuniu órgãos públicos e empresas privadas de diversos segmentos

Belo Horizonte (MG) – Uma audiência pública do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negros e Negras, promovida nesta terça-feira (6) pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG), reuniu representantes de diversas empresas mineiras e de órgãos públicos do Estado, para colocar em discussão formas efetivas de promover a inclusão de jovens negros e negras no mercado de trabalho e sensibilizar empregadores para a amplitude e o viés estrutural do processo de exclusão e, portanto, sobre o necessário compromisso de  toda a sociedade de contribuir para a sua erradicação, especialmente no ambiente de trabalho, desde o momento do processo seletivo. 

O contexto de abismo socioeconômico que ainda demarca as posições de negros e brancos na sociedade brasileira deu origem ao Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negros e Negras no MPT, destacou na abertura do evento a procuradora do Trabalho e coordenadora da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) em Minas, Priscila Boaroto. "Ainda não fomos capazes de romper com as barreiras históricas provenientes da época da escravidão. Basta que observemos a nossa sociedade, para que vejamos que não há igualdade de ocupação dos espaços públicos (escolas, clubes, shoppings, praças, etc.). No mercado de trabalho, isso não é diferente".

Resultados de pesquisas reforçam essa percepção. De acordo com o Instituto Locomotiva de Pesquisa, no setor publicitário, 90% dos anúncios são protagonizados por pessoas brancas e apenas 2% do quadro profissional que compõe as agências é formado por negros. Um outro levantamento aponta que, nas 500 maiores empresas do País, negros ocupam apenas 34.4% no quadro de empregados. Esse percentual é ainda inferior se for feito um recorte por gênero: mulheres negras ocupam apenas cerca de 10% dos cargos de trabalho nessas empresas brasileiras.

O projeto está ancorado em uma política nacional de igualdade de gênero e raça, em consonância com valores previstos na Constituição da República e no Estatuto da Igualdade Racial. A luta pela inclusão traz benefícios tanto para a população abrangida pelo projeto como para as empresas que promovem essa inclusão e essa diversidade em seu quadro de funcionários”, destaca Priscila.

A procuradora do trabalho, coordenadora da Coordigualdade no estado de São Paulo e coordenadora nacional do projeto, Valdirene de Assis, relatou que o projeto começou a ser gestado em 2017 e está implantado formalmente no Brasil inteiro desde 2019. "O projeto busca conciliar as políticas de inclusão na educação, como as políticas de cotas para ingresso nas universidades, com a promoção do direito ao trabalho. "Precisamos fazer uma desmistificação de estereótipos negativos que existem estruturalmente contra a população negra, especialmente no que tange à ocupação de cargos mais elevados. Por isso, focamos na inclusão pensada em cargos estratégicos, de mando e gestão. Nos postos de base, a população negra já se apresenta", destacou.

Atualmente, o projeto abrange três eixos de atuação: setor publicitário, setor jurídico e empresarial. “No setor publicitário, isso significa tanto aumentar as oportunidades profissionais para jovens negros como, também, incentivar a produção de campanhas publicitárias marcadas pela diversidade racial. O segundo eixo, jurídico, foi escolhido porque, hoje, temos menos de 1% de profissionais negros nas principais bancas de advocacia do País. O terceiro eixo, empresarial, é onde existe a maior oferta de vagas, por isso, a importância desse segmento”, relata Valdirene

A estrategista da empresa Tom Comunicação, Janaina Maquiaveli, explicitou seu apoio à causa: "Nos incluímos nesse movimento para que esse desequilíbrio tão grande possa ser revisado e que outros espaços possam ser abertos para a população negra. Reiteramos as nossas preocupações e nossas discussões sobre como incluir mais estudantes, profissionais e modelos negros no setor publicitário”.

A procuradora Priscila Boaroto, que vai coordenar a implementação do projeto em Minas, esclareceu que ele é um convite à parceria por boas práticas em inclusão. "O pacto não é uma exigência, não é uma imposição. É um pacto de intenções, no qual a empresa demonstra ao MPT que ela tem a intenção de se engajar, de participar efetivamente para promover a inclusão de candidatos negros em seu quadro de funcionários". Após a adesão ao pacto, as empresas serão acompanhadas pelo prazo de dois anos, com relatórios semestrais, para avaliação da efetividade das ações propostas. Além disso, semestralmente, os procuradores de todo o Brasil que acompanham as empresas se reúne para discutir ações do projeto, compartilhar boas práticas e definir possíveis ajustes no projeto.

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