Audiência Pública na ALMG tem apresentação de pesquisa sobre cumplicidade de empresas mineiras em violações de direitos humanos na ditadura militar

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Belo Horizonte (MG) – Na última quinta-feira, dia 28 de setembro, foi apresentado o resultado de pesquisas que investigam cumplicidade de empresas em violações de direitos humanos de trabalhadoras e trabalhadores, durante o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985. Os resultados foram apresentados em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Representando o Ministério Público do Trabalho (MPT), a procuradora do Trabalho Elaine Nassif ressaltou a importância de debater esse assunto, "importantíssimo conhecer a história, se apropriar da verdade, corrigir os erros presentes que ainda são legados da ditadura nas relações de trabalho no Brasil, e com tudo isso, vacinar o futuro contra os facínoras".

Pelo menos 10 grandes empresas brasileiras estão na lista de investigadas, dentre elas três mineiras: Fiat, Mannesmann e Belgo-Mineira. Os estudos estão sendo feitos a partir de diversos acervos, inclusive processos judiciais, entrevistas e o relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais concluído em 2017.

De acordo com a equipe de acadêmicos, a pesquisa sobre a Fiat já foi concluída e revelam que a empresa permitia o acesso de policiais nas assembleias de trabalhadores para identificar e denunciar funcionários engajados no movimento sindical e oferecia suporte a operações policiais para reprimir greves, descreveu a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carolina Scarpelli. As pesquisas sobre as participações da Mannesmann (atual Vallourec) e Belgo-Mineira (incorporada pela ArcelorMittal) estão em andamento. "A repressão à classe trabalhadora não tem outro objetivo senão reprimir qualquer tentativa de modificar o status quo", explicou a pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Tayara Lemos.

Saiba mais - Em 2020, a Volkswagen assinou um termo de ajuste de conduta com o compromisso de destinar recursos para a realização de pesquisas sobre a colaboração de grandes empresas com o aparato de repressão da ditadura militar.

Com base nos resultados desse trabalho, os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho abriram inquéritos civis para investigar as denúncias de violações dos direitos humanos por essas empresas.

 

 

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