Comunicação Pública em nas situações de grandes acidentes de trabalho foi assunto de live no dia 28 de abril

Belo Horizonte (MG) – Comunicação pública em situações de grandes acidentes de trabalho, com foco nos casos de Mariana e Brumadinho foi assunto de debate online, realizado no Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, 28 de abril, dedicado à memória das vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

A amplitude do procedimento investigatório em situações de grandes acidentes, que exigem, inclusive, a instauração de diversos canais de escuta e diálogo interinstitucionais, e entre os órgãos públicos e os cidadãos foi assunto da exposição apresentada pelo procurador do Trabalho Geraldo Emediato de Souza, que coordena o Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF) Brumadinho, do Ministério Público do Trabalho (MPT). Olhares acadêmicos sobre os casos foram oferecidos pelas pesquisadoras Fiorenza Zandonade e Thaise Rocha. O olhar das vítimas sobre os processos comunicacionais instaurados por órgãos públicos e pelas empresas foi apresentado pela presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (AVABRUM).

O procurador do Trabalho Geraldo Emediato de Souza destacou que “há a dificuldade na comunicação entre os órgãos públicos e a sociedade, em especial, em relação aos direitos e aos interesses atingidos. “No Brasil, a estrutura jurisdicional é diversificada. Então, a grande questão é justamente comunicar a população atingida, onde ela deve procurar guarida. No caso do Ministério Público, tanto os estaduais quanto o Federal cuidam de questões ambientais e criminais, ao Ministério Público do Trabalho, cabe, exclusivamente, as questões relativas ao Direito do Trabalho, isto é, as repercussões trabalhistas desses grandes acidentes”.

“O desafio do MPT, no que se refere à reparação dos interesses coletivos, é muito grande. No caso específico de Brumadinho, é difícil mensurar a dor dessas famílias e colocar um preço nessa dor, pois não há valor que substitua o ente querido. Apesar disso, a única forma de compensar essa dor é justamente por meio do dinheiro. Não porque você irá receber o valor, mas porque o infrator irá pagar”, declarou Emediato.

Fiorenza Zandonade apresentou aspectos de sua tese de doutorado que analisa os conceitos de comunicação pública e comunicação cínica, a partir de conteúdos publicados pelas empresas em diversos canais com o objetivo de informar os atingidos. A pesquisadora alerta para narrativas estrategicamente articuladas para parecer comunicação pública, porém ancoradas em silenciamentos, recusa ao diálogo e ao debate e pouca transparência, em clara afronta aos princípios que norteiam a comunicação pública. Em seguida, com o tema “Comunicação Pública em situações de emergência”, Thaíse Rocha apresentou as estratégias de comunicação utilizada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais na operação de Brumadinho, destacando o retorno positivo de iniciativas como escuta e diálogo contínuo com a população e a adoção de um porta-voz que representou a instituições na mídia.

Alexandra Andrade enfatizou a importância da participação AVABRUM, em especial, em razão da data, “hoje, 28 de abril, é uma data muito importante para nós, familiares, moradores de Brumadinho e demais municípios atingidos. Isso porque vivemos o maior acidente de trabalho no Brasil e a maior tragédia-crime comprovada pela investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, e hoje é o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, que é exatamente o que faltou na Mina Córrego do Feijão em Brumadinho. Justamente o que a Vale deixou de fazer. Além disso, hoje é o dia dedicado à memória das vítimas de acidentes de trabalho. Então, hoje é um dia muito propício para estarmos falando sobre isso”.

O evento foi encerrado pela presidente da ABCPública, Cláudia Lemos, com a apresentação “A visão de outras calamidades e a comunicação do Poder Público”. Ela relembrou o desabamento de um pavilhão nas obras de construção do Parque de Exposições da Gameleira em Belo Horizonte em 1971 e do tratamento comunicativo inadequado dado pelos órgãos e instituições públicas a esse que, em sua época, foi o maior acidente do trabalho ocorrido no Brasil. Para Cláudia, a comunicação pública nesse tipo de situação deve ser baseada no diálogo com o foco no cidadão, considerando-o como a finalidade do processo de comunicação da instituição. “Nas falas de hoje, ficou muito claro o que funcionou bem e o que não funcionou no caso das tragédias citadas. O que fica muito claro é que existem pessoas envolvidas, e quando elas são consideradas, você tem uma comunicação pública que cumpre o seu papel, mas quando as pessoas são desconsideradas, a comunicação gera desconfiança em vez de gerar confiança”, finaliza Claudia.

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