O trabalho infantil pode comprometer definitivamente a saúde de crianças e adolescentes

Esse é o alerta de profissionais da saúde que participaram da última live da Campanha de Combate ao Trabalho infantil em Minas

Belo Horizonte - As consequências do trabalho infantil para crianças e adolescentes nortearam os debates da última live da Campanha Nacional de Combate de Combate ao Trabalho Infantil em Minas Gerais. O evento fez parte de uma série de atividades realizadas em junho e reuniu profissionais da saúde e representes do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Justiça do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho (SRT) e de órgãos ligados à Rede de Proteção da Criança e do Adolescente.

O coordenador da Coordenação de Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente, médico Fernando Libânio, fez um breve resgate histórico das políticas protetivas de crianças e adolescentes, destacando a importância de grandes programas nacionais, como o de aleitamento materno e de imunização, para o combate à mortalidade infantil, especialmente nas décadas de 1970 e 1980.

Para Libânio, é importante profissionais da saúde que realizam atendimento na rede pública ficarem atentos a qualquer sinal de exploração física e psíquica de menores para a devida notificação de casos e encaminhamento paras instituições de acolhimento. "O SUS tem o compromisso de dar visibilidade para essas crianças e adolescente que são invisíveis aos nossos olhos", observou.

Já o médico do trabalho, analista pericial no MPT-MG, Gustavo Franco Veloso, tratou dos impactos dos agentes de riscos para o desenvolvimento físico e psíquico de crianças e adolescentes. Segundo ele, entre outros problemas, menores em condição trabalho proibido estão expostos à absorção de substâncias químicas de forma mais acelerada pelas vias respiratórias. "Existem estudos que mostram que a metabolização dessas substâncias chega a ser até duas vezes mais lenta em relação a um adulto. Então, essas substâncias ficam circulando nas crianças, com dificuldade de metabolização e excreção", alertou.

"É uma estrutura corpórea que ainda não está preparada para esse tipo de esforço", disse o médico ao se referir a atividades repetitivas e acidente de trabalho que podem afetar a coordenação motora de menores.

Na mesma direção, a diretora da Vigilância em Saúde do Trabalhador de Contagem, Fátima Brant, explanou sobre os malefícios do trabalho infantil para o futuro de crianças e adolescentes e também reforçou a necessidade da efetiva notificação de casos. "É importante somar esforços de diferentes setores da sociedade para enfrentar esse problema no país", pontou ao lembrar do trabalho conjunto desenvolvido no município com agentes do Programa Saúde da Família (PSF) junto a famílias em situação de vulnerabilidade social e a professores da rede pública de ensino. Esses profissionais da educação participaram de uma capacitação para tratar o assunto de maneira didática na sala de aula.

Quem também destacou a importância da atuação em rede para combater o problema foi a auditora-fiscal do Trabalho e coordenadora da Fiscalização da Aprendizagem Profissional da Superintendência Regional do Trabalho em Minas (SRT-MG), Christiane Azevedo Barros. Segundo ela, a ação conjunta de instituições possibilita a retirada de menores do trabalho proibido e o devido encaminhamento para entidades.

Para a auditora fiscal, o trabalho infantil doméstico, o tráfico de drogas e a exploração sexual são alguns desafios que precisam ser superados pelo poder público. Por fim, Christiane Azevedo Barros lembrou que a "aprendizagem profissional representar proteção de adolescentes e proporciona qualificação profissional para o ingresso salutar no mercado de trabalho".

A desembargadora do Trabalho Adriana Sena Orsini enfatizou que as lives realizadas na campanha contra o trabalho infantil são meios importantes para disseminar na sociedade o debate em torno do problema. "É um tema que não sai da pauta, é um tema que a gente não pode esquecer", disse. Para a magistrada, o trabalho infantil está associado à miséria, ausência de políticas públicas, exclusão social, má distribuição de renda, entre outros fatores.

A live que trouxe à tona as graves consequências do trabalho infantil para crianças e adolescentes teve a mediação da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte (CMDCA-BH), Nádia Sueli Alves. Todos os expositores do debate fizeram um alerta a respeito do aumento do problema durante a pandemia da Covid-19, sobretudo entre a população mais vulnerável.

As transmissões estão disponíveis no canal do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-MG) no Youtube.

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